Uso de games na educação ainda sofre resistência
Apesar de a cultura digital e as TICs estarem cada vez mais imersas na educação, há ainda uma grande resistência a uma tecnologia muito presente na vida de crianças e jovens: os videogames como ferramenta de aprendizado. É o que defende Luciana Zenha, pedagoga, professora da Universidade Estadual de Minas Gerais e doutora pela Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Luciana, que fez sua pesquisa de doutorado sobre o game Dengue Ville, e agora no pós-doutorado faz uma análise de interação e interface da aclamada franquia Zelda, defende o uso livre de todos os jogos, mas não vê o meio acadêmico fazendo investidas nos games pela educação. “Pelo menos o meio em que eu vivo é cético, desconhece o mundo nos games. Tirando os pesquisadores específicos desta área, o restante não faz ideia do que o campo de videogames e educação proporciona”, lamenta.
Quando o assunto é games e educação, a ideia geral pode ser jogos criados meramente para fins educativos, mas se bem utilizados, todos os jogos têm elementos que auxiliam a aprendizagem. “O videogame traz um enredo, uma história, uma proposta de aprendizado individual e coletivo. Meus filhos, por exemplo, conseguem aprender noções espaciais, de atuação de grupo, de resolução de problemas imediatos ou a longo prazo, com jogos como LoL [League of Legends], Minecraft, Zelda, entre outros, sejam eles online ou offline”, acrescenta Luciana.
Para poder aplicar na prática os jogos em aulas ou mesmo para saber o que é possível aprender informalmente, por exemplo, é necessário que o professor tenha conhecimento dos jogos. É necessário mapear os usuários, compreender os games e até mesmo jogar, para que possa ser feita uma assimilação do que seria possível aprender com determinado game.
A professora Luciana Zenha recomenda também o livro “Brincando de Matar Monstros”, de Gerard Jones, que traz à tona argumentos a favor do uso dos jogos, mesmo os considerados violentos, na formação saudável de crianças.